Quem aguarda pela normalização do preço do azeite vai esperar — e muito por isso. Os preços do óleo proveniente das azeitonas nas gôndolas do Brasil e do mundo deve seguir elevado, pelo menos até o fim do primeiro trimestre de 2024.
A seca que há mais de um ano assola a Espanha, maior produtora de azeite do mundo e responsável pela exportação de 16% do azeite consumido no Brasil, não parece ter data para acabar.
A Agência Meteorológica da Espanha (Aemet) informou que fevereiro seria um mês mais seco. A situação poderia ter sido abafada pela nova previsão da Aemet de chuvas 50% mais abundantes que o normal durante o inverno europeu.
Contudo, a maior pluviosidade não parece ser suficiente para que o país de ser afetado pela ausência de chuvas.
“Para que a seca meteorológica seja superada nos próximos meses, seria necessário que houvesse um dos outono e inverno mais chuvosos da série histórica”, segundo o porta-voz da Aemet, Rubén del Campo.
Da mesma forma, as notícias não são boas em Portugal, que produz menos azeite que a Espanha, mas é responsável por 58% das exportações do produto ao Brasil.
No extremo sul português, a falta de previsão de melhora na seca sem precedentes que assola a região de Algarve – logo abaixo de Alentejo, área que concentra a olivocultura – fez o ministério do ambiente do país anunciar um racionamento de água, de 15% no consumo do setor urbano e de 25% no consumo agrícola – cifra alta, mas menos alarmante que o corte de 70% cogitado, segundo o jornal português Observador.
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Ainda que Alentejo tenha encerrado dezembro de 2023 como uma região de seca moderada, a localidade passou um período de seca severa de março a setembro, que impactou significativamente as safras.
Por que o azeite ficou tão mais caro?
“Por conta do clima, países tradicionais na produção, como Espanha, Itália, Portugal e Grécia – responsáveis por quase 70% de todo azeite do mundo segundo dados do Conselho Oleícola Internacional.
Tiveram safras bem menores, gerando disparada de preços, além de preocupação sobre os estoques que atendem a demanda de diversos países”, afirma Luiz Eduardo Batalha, proprietário da marca nacional Azeite Batalha.
O cenário ilustra perfeitamente a lei de oferta e demanda. Com uma oferta de azeite insuficiente para atender a demanda global, o preço do produto disparo
Segundo a IBRAOLIVA, uma embalagem de 500 ml de azeite classificado como virgem na Europa e extravirgem no Brasil saiu de US$ 6, em janeiro de 2023, para US$ 10.
O consumidor sentiu o impacto no bolso: o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de dezembro, mostrou que o azeite de oliva subiu 37,11% em 2023.
As gôndolas brasileiras ficam ainda mais expostas à variação dos preços internacionais considerando que quase todo o azeite consumido no país é importado.
Insuficiente para atender a demanda do país, a cultura do produto em território nacional gira em torno de 1%, segundo o estudo “O mercado de azeite de oliva no Brasil”, da entidade pública empresarial espanhola ICEX España Exportación e Inversiones.
“Falando dos importados, uma garrafa de 250 ml de um azeite que há um ano custava R$ 20 hoje sai por mais de R$ 35 para o consumidor”, explica Renato Fernandes, presidente do Instituto Brasileiro de Olivicultura (IBRAOLIVA), associação que reúne toda a cadeia oleícola do Brasil.
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Como editor do blog “Poupanca.net.br”, trago uma visão única sobre finanças digitais e tecnológicas, combinando minha formação em Sistemas para Internet pela Uninove com meu interesse em economia. Meu objetivo é fornecer insights e análises atualizadas sobre como a tecnologia está impactando o mundo financeiro. Junto com nossa equipe, buscamos oferecer aos leitores uma compreensão abrangente do universo das finanças.